A dica de leitura de hoje é um livro já velho conhecido nosso: Dom Casmurro, de Machado de Assis.
Particularmente, eu não gosto de Machado de Assis, apesar de reconhecer sua importância para o realismo brasileiro e saber que seu estilo, sua ironia. Sua forma de narrar agrada a muita gente. É apenas uma questão de gosto pessoal.
Porém, Dom Casmurro me surpreendeu. Muito se fala sobre a estória e personagens (desculpem-me, detesto a recomendação pela grafia “história” mesmo para obras de ficção. Para mim, marcar a diferença entre história-ciência e história-ficção [estória] é imprescindível aqui), ou se Capitu traiu ou não traiu Bentinho, o que me parece não ter a menor importância no contexto geral da narrativa.
Trata-se de uma estória de ciúmes, como tantos outros livros ao longo da história. Mas há sutilezas desse ciúme que é diferente dos que estamos acostumado a ver [ler]. O texto é narrado, como tantos outros, pela perspectiva de um homem, mas é um amigo de infância que virou marido, e tudo se passa na cabeça de Bentinho. Tendo crescido juntos, ele julga conhecê-la mais do que ela a si mesma, saber suas intenções, seu jeito de olhar e agir. Fica a dúvida se tudo aconteceu por pura imaginação dele, ou não. Mas isso não importa...
A forma como Bentinho vai se tornando casmurro ao longo da estória, em função do ciúme - e o que ele faz com Capitu e seu filho - nos dão a dimensão exata de uma época em que a mulher não tinha qualquer direito e o homem era o senhor.
Não é uma narrativa machista, é uma estória sobre o machismo que nos faz pensar sobre os prejuízos que dele resulta. No final do livro, um desfecho que nos deixa [a nós, os homens] num vácuo, a refletir.
Para mim, foi uma estória angustiante, mas que serviu para me mostrar como não se deve ser. Vale a leitura!
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