domingo, 29 de outubro de 2017

Sobre masculinidades em movimento


Como penúltima atividade do doutorado (a última foi a defesa da tese), fui a Santiago de Chile apresentar uma comunicação num congresso. Fiquei surpreso com a quantidade de pais que vi pela rua (e tão poucas mães), ora empurrando carrinhos de bebê, ora de mãos dadas às crianças ao levá-las para a escola, ora num restaurante a almoçarem com seus filhos ou filhas, tudo no cotidiano, ao longo da semana. Ao passar pelo Centro Cultura La Moneda, me deparei com uma exposição do fotógrafo Johan Bävman, que procurou retratar cenas do cotidiano de pais que tiraram licença paternidade quando seus filhos nasceram (confira aqui), entendi que se tratava de uma campanha no Chile, uma mudança de discurso sobre a masculinidade, o papel do homem no lar.  Junto às fotos dos suecos, podíamos apreciar fotos de chilenos em situações similares, fotos enviadas, pelos próprios pais ou familiares, a um concurso inspirado no fotógrafo sueco.

Apesar de ter estudado a linguagem, meu trabalho recai sobre o tema de homens em atividades do lar, na limpeza da casa e da roupa e no cuidado com os filhos, um ponto nevrálgico na luta pela igualdade de gênero. Logo, essa perspectiva chilena me agradou muito, embora trata-se apenas do cuidado com filhos e filhas. Durante minha apresentação, falando da resistência do homem brasileiro à divisão das tarefas do lar, uma chilena que assistia à apresentação me disse que no Chile é igual. Ao menos lá existe um movimento pela mudança, com exposições como essa, sites e páginas no Facebook sobre o tema masculinidade e igualdade de gênero, ao contrário do retrocesso que estamos enfrentando no Brasil. Apesar de muitos estudos e eventos sobre o tema estarem acontecendo por aqui, tudo parece estar confinado na academia... 

Aqui, a exposição do fotógrafo sueco ficou restrita a comentários em programa de TV (a exemplo do Saia Justa, do Canal GNT), alguma matéria em revista (veja a Marie Claire) e posts aqui e ali em redes sociais.



P.S.: Tese defendida, retorno à vida normal...


quinta-feira, 19 de janeiro de 2017

Poesia por inspiração

Inspirado no post de um amigo, veio um poeminha.

A cor da luxúria
de Elir Ferrari

Amo todas as cores que há nas coisas
E todas as coisas que há em cores
Amo minha cor definida como parda
E, logo que se tarde, que a pele arda
Sob o céu ensolarado de azuis alaranjados
Me deixando da cor do jambo
De puro escambo com a pele que seduz
E que, mais tarde, se faz luxúria à meia-luz!