Como penúltima atividade do doutorado (a última foi a defesa
da tese), fui a Santiago de Chile apresentar uma comunicação num congresso.
Fiquei surpreso com a quantidade de pais que vi pela rua (e tão poucas mães), ora empurrando
carrinhos de bebê, ora de mãos dadas às crianças ao levá-las para a escola, ora
num restaurante a almoçarem com seus filhos ou filhas, tudo no cotidiano, ao
longo da semana. Ao passar pelo Centro Cultura La Moneda, me deparei com uma exposição do
fotógrafo Johan Bävman, que procurou retratar cenas do cotidiano de pais que
tiraram licença paternidade quando seus filhos nasceram (confira aqui), entendi
que se tratava de uma campanha no Chile, uma mudança de discurso sobre a masculinidade,
o papel do homem no lar. Junto às fotos dos suecos, podíamos apreciar fotos de chilenos
em situações similares, fotos enviadas, pelos próprios pais ou familiares, a um
concurso inspirado no fotógrafo sueco.
Apesar de ter estudado a linguagem, meu trabalho recai sobre o tema de homens em atividades do lar,
na limpeza da casa e da roupa e no cuidado com os filhos, um ponto nevrálgico na
luta pela igualdade de gênero. Logo, essa perspectiva chilena me agradou muito,
embora trata-se apenas do cuidado com filhos e filhas. Durante minha
apresentação, falando da resistência do homem brasileiro à divisão das tarefas
do lar, uma chilena que assistia à apresentação me disse que no Chile é igual. Ao menos lá existe um
movimento pela mudança, com exposições como essa, sites e páginas no Facebook sobre o tema masculinidade e igualdade de
gênero, ao contrário do retrocesso que estamos enfrentando no Brasil. Apesar de muitos estudos e eventos sobre o tema estarem acontecendo por aqui, tudo parece estar confinado na academia...
Aqui, a exposição do fotógrafo sueco ficou restrita a comentários
em programa de TV (a exemplo do Saia Justa, do Canal GNT), alguma matéria em revista
(veja a Marie Claire) e posts aqui e ali em redes sociais.
P.S.: Tese defendida, retorno à vida normal...
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